No início, nada de futebol. O dia a dia do Rubro-Negro tinha apresentações de piano, bailes e concertos de tango. Clube tinha a própria banda de jazz e já recebeu Vargas.
Apresentações de piano, bailes elegantes, concertos de tango, aulas de etiqueta e de “coreographia” (escrito assim mesmo com "ph") e “soirée”, como a alta sociedade costumava chamar as reuniões sociais no início do século 20. Nas tardes de quarta-feira e de domingo, as tradicionais "tertúlias rubro-negras", em que as "famílias campinenses" compareciam ao clube para longas conversas e reuniões entre amigos.
Banda de jazz do Campinense no período pré-futebol (Foto: Acervo / Blog Recordações Históricas de Campina Grande)
Era este o cotidiano do Campinense Clube nos primeiros anos de sua fundação. Um clube que embalava a vida social de Campina Grande e que era quase que completamente alheio aos esportes. Nascido no seio da elite da cidade, a agremiação se dava ao luxo de ter a sua própria banda de jazz.
Para ter direito a usufruir de tudo isto, a mensalidade era cara. Conforme relatos das antiga atas de reuniões, tanto na sede provisória da rua Afonso Campos como no "Palacete do Clube", prédio comprado à frente da Praça Coronel Antônio Pessoa, é possível se verificar que existiam muitas exigências sobre o comportamento do seu quadro de sócios.
Por exemplo, homens pobres não eram bem-vindos. E uma série de regras de comportamento eram exigidos de seus sócios. Um outro detalhe era que, tidos como notáveis oradores, os primeiros presidentes do clube eram muitos deles políticos e membros da maçonaria. Alguns dos presidentes, inclusive, foram também prefeitos de Campina Grande.
Era um ambiente extremamente fechado. Era comum que os sócios do Campinense frequentassem outros clubes. Mas o inverso era quase impossível.
O primeiro time do Campinense: vida curta no clube voltado para os ricos de Campina Grande (Foto: Acervo / Blog Recordações Históricas de Campina Grande)
Quando se tentou inserir o futebol como carro chefe do Departamento Esportivo, entre 1917 e 1920, as confusões durante os jogos reforçaram a tese daqueles que eram contra o esporte por não quererem "a popularização do clube".
Cauby Peixoto , Ângela Maria, Josephine Baker, Orlando Silva, Altemar Dutra. Orquestras vindas do Recife ou do Rio de Janeiro e até internacionais. Todas essas atrações passaram pelos salões do Campinense.
Sem futebol, mas com muito prestígio, o clube rubro-negro serviu verdadeiros banquetes para figuras de destaque no Brasil e para políticos importantes. Em 1950, o ex-presidente Getúlio Vargas, que voltaria à Presidência da República no ano seguinte, também foi recebido no Campinense.
Ao lado do prefeito da época, Elpídio de Almeida, e de familiares do ex-presidente João Pessoa, Vargas fez campanha em Campina Grande, conforme registro do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) da Fundação Getúlio Vargas. E escolheu o Campinense como local de um de seus eventos políticos na cidade.
Getúlio Vargas em 1950, sendo recepcionado pelos políticos paraibanos na sede do Campinense
(Foto: Acervo / Blog Recordações Históricas de Campina Grande)
(Foto: Acervo / Blog Recordações Históricas de Campina Grande)
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